terça-feira, 28 de agosto de 2012

Dia 13 -- o dia do primeiro furo e dos peregrinos italianos!


Em Santiago decidimos fazer parte do caminho francês (em sentido contrário). O Caminho Francês vai de Saint- Jean-Pied-de-Port até Santiago.
Esta foi até agora a parte mais bonita da viagem em termos de paisagem! Subidas subidas e descidas e mais subidas... verde verde verde...


E PUMBA! O meu primeiro furo! A primeira reacção é de pânico... mas logo relaxei porque sabia que ia ser capaz de resolver, mais não fosse ia a pé os restantes 5 km até Arzúa e aí com certeza se arranjava! Mas lá virei a Nana, tirei a roda e descobri que tinha um espigão gigante enfiado, mais ou menos do tamanho de uma agulha e que rompia a câmera de ar em 4 ou 5 sítios. Foram precisos 2 remendos mas a coisa resolveu-se rápido e sem grandes dificuldades!
 Depois de Arzúa decidimos fazer uns km mais e fomos parar a Melides. Fomos para um albergue municipal e conheci logo um grupo de italianos muito simpáticos que já viajavam a pé há 28 dias....... desde St Jean-Pied-de-Port. Fomos jantar a uma pulpelría e no caminho a pé foi-se juntando mais malta, uns portugueses o Jorge e a Regina, o espanhol Javi e os italianos (muitos!).


A noite foi atribulada porque dormi numa camarata (5 €) ao lado de um tractor. Acho que se o ressonar fosse sinónimo de movimento este senhor já estava em Santiago há uns belos dias... Dormimos pouco mas  sitio até era limpinho.

Amanhã vamos tentar ir até Sarria o que são mais ou menos 60 km!
Mujimbora!!!



Dia 12 -- Dia do Chinelo em Santiago de Compostela!



Este dia resumiu-se a passeio, visitar a Catedral de Santiago, o Mosteiro de San Martín,  o Convento de São Francisco entre outros... Mas sobretudo caminhámos pelas ruas que sempre me pareceu a melhor maneira de sentir uma cidade!
Deitei-me no chão da Praza Obradoiro e tentei tirar algumas fotografias da chegada dos peregrinos... é incrível a reacção das pessoas quando chegam...
Uma mana Polaca :)
Obrigada companheira...

Fui à missa na Catedral, que foi incrível, parecia que pairava uma magia no ar... sentimento estranho este, mas que acho que por estar sozinha ainda mais forte se sentia. No fim da missa houve "botafumeiro", o que que foi uma surpresa e a cereja no topo do bolo!



Comeu-se bem, bebeu-se bem e também se paga bastante bem (comparado com os dias anteriores claro).
Fim do dia fui ter com o Derek e conhecemos mais um casal de Nova York muito dvertido! Depois ainda fomos beber umas cervejas e o Derek partilhou momentos giros e muito importantes da viagem dele. Como professor de Religião e Filosofia, a viagem do derek foi uma peregrinação de reflexão que serviu para resolver alguns conflitos internos. 
O Matthew, eu e o Derek... já tremidos do vinho!

Bom, mas por muito bonito que Santiago seja, as minhas ganas já eram de partir! Já estava em pulgas de ver a Nana encostada à parede do lado de fora do quarto! Kitámos-nos com os típicos símbolos dos peregrinos e ainda combinámos um café com o Derek, mais não seja para tirar uma fotografia juntos na catedral e para nos despedirmos de vez pois ele partia para Vigo de bus, depois para o Porto de Comboio, e logo avião para  Toronto.

Ainda fomos aos correios deixar postais e outras surpresas (espero que os que receberem gostem) e partimos de Santiago às 11 da manhã apenas.


Santiago mexeu comigo. Acho que mexe com todos...

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Dia 11 – Pontevedra – Santiago Compostela


Esqueci-me de contar um episódio cómico (agora) mas que na altura foi um pouco assustador. Confesso que foi a unica altura na viagem (até agora) que me fez algum medo...
DEpois de um dia de chuva a roupa no quarto a "secar". Com o cheiro tive de lavar tudo no dia seguinte.

Bom, o quarto em Pontevedra, o quarto dos 16 €..., era de meter medo ao susto e de afastar qualquer ser vivo. O cheiro era insuportável e estava-me a dar a volta ao estômago e consequentemente a tirar o sono. Mais, estava doida de sede porque ao jantar comi jamón Serrano. A sede é terrível não é? Mil vezes a fome!
Fez sede mas valeu a pena!!

4 am sem pregar olho... sede, cheiro a tabaco indescritível e barulhos assustadores no prédio. Decisão: vamos procurar um bar para ir comprar água! E assim foi, lá fui de “pijama” comprar água e acho que fui parar a um bar gay... enfim... só sei que me ri sozinha no caminho para casa, de calçonete e “téni”, numa maré de vestidos, saltos altos, lantejolas e perfumes.
A água acalmou-me e dormi melhor até às 7 am.
Hoje o dia era curto, 56 km ou coisa parecida. Bom mas de plano tinha zero! Fizemos só estrada e foi engraçado como a paisagem foi mudando rápido para um cenário montanhoso e muito verde!
No caminho conheci o Andreas que vinha sozinho desde a Suécia (!!!!) e estava a caminho de Marrocos (!!)... Trazia a casa às costas e ia apontando para cada saco “The Kitchen, The sleeping room, the dressing room...”. O Andres devia ter prai 20 anos... caramba!

No caminho pela estrada não se conhece muitas pessoas porque só os que viajam de bicicleta o fazem; as pessoas que fazem o “camino” de bicicleta andam normlamente de btt e fazem as estradas de terra mais secundárias.  Mesmo assim, é incrível como um “buen camino” gritado de um carro que passa em sentido contrário.
Passámos por Padrón, onde as vendedoras de beira de estrada não vende fruta... mas sim, Pimentos Padrón!
Nesta fase do Caminho, à medida que entramos para o interior, a paisagem mudou rápidamente. Ficou muito mais verde e montanhoso. Não sei se já me estou a repetir, mas as subidas já são momentos positivos da nossa viagem... quando se pedala muito tempo as rectas tornam-se um bocadinho desinteressantes!
E num instante chegámos a Santiago. Com uma entrada na cidade que não prometia nada, caiu-nos os queixos mal entrámos na parte velha, o centro.  Parei a bicicleta em frente ao Convento de São Francisco e fiquei algum tempo a olhar à minha volta... Parecia que tinha entrado num livro de história. Santiago sem sombra de dúvida a cidade mais bonita onde já estive!

 Fomos depois ao Albergue Girasol (recomendo, centralissimo a 100 m da catedral, simpáticos e muito limpo).
Tudo arrumado, lavado e duche tomado... passámos a tarde a babar-nos pelas ruas da cidade!

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

10º dia - Bayona -- Pontevedra - o pior até agora!


Pois é amigos, nem tudo são rosas mas com estes espinhos eu já contava!
Até começou bem o dia e não estava muito fechado o tempo.
Bayona para Oia sempre em Ciclovia junto à ria. Oia revelou-se lindo... pequeno mas a praia linda, com areia muito branca!


E como a minha máquina fotográfica pifou, fomos a Vigo ver se encontrávamos uma, e encontrámos.
Mas também encontrámos uma cidade que nao se devia chamar Vigo, mas Serra de Vigo... Picos de Vigo ou mesmo Alpes! Não me convidem para voltar aqui!

Escusado será de dizer que desanquei um espanholito do parque do El Corte Inglês que me diz que é proibido entrarem bicicletas no parque................... nem com charme lá foi! cabrón! (não lhe chamei isto está claro).

De Vigo a Pontevedra foi sempre sempre sempre a chover... mas é que sempre!
Estávamos com um toldo! Nestes dias o ideal é: ANDAR! aviar caminho! Musiquinha e mujimbora!



 Depois do dilúvio este é o nosso quarto por 16 €... deixa muito a desejar mas há de vir melhor!
Andei pela cidade, fui ao museu e depois fomos beber uns copos e jantar!








Ao 9º dia visitava "Nuestros hermanos " - Viana a Baiona

O 9º dia foi fácil, e curto.
Zarpei do navio cedinho e tomei o pequeno almoço ali perto. Banho na Nana e óleo novo para chuva já que todos me dizem que aguaceiros é a previsão do dia.
Estavamos com o gás todo... e até Caminha foi sempre a bombar, exceto a paragem em Moledo e Vila Praia de Âncora. O dia não estava muito bom realmente e isso denigre muito as cores e torna a paisagem menos fotogénica, mas para mim não menos bonita. Moledo é sem dúvida linda de morrer.

Vocês não sabem...
Mas eu e a Nana vamos bem protegidas pela Nossa Senhora de Fátima que a minha tia Bé nos emprestou (está colada com cola aeraldite... duvido que a consiga devolver). Um pequeno aplique da Nana.


Meio caminho feito e estamos em Caminha!

 O largo do centro é muito giro e tem à volta da típica e antiga fonte de pedra, muitas esplanadas cheias de movimento!

Uma bica, um sumo de laranja e meia dose de coragem... Ferry para Espanha. Não pecebi porquê só a Nana é que pagou - 1 €. Também diga-se que são praí 200 metros! Mas ainda não aprendemos a nadar por isso aqui vamos nós!
 P.S.: ainda não caiu uma pinga.

Ehhh bibááá l'España!!!
Chego e pergunto a um Sr. (conversa em Português como se nada....) se posso ir pela costa ou se seria melhor cortar caminho para a Guardia.
[Sr] Menina isto à volta é uma parede, vá por dentro que é mais rápido.
[Eu] Ahh pois mas é a subir,
Não foi como o GNR de Aljezur, mas quase - Deu-me uma pancada nas costas e disse:
[Sr] A menina tem força a menina consegue!

... E com esta me calei e segui por dentro.

Bom mas antes de chegar à parte gira do dia, deixo-vos o seguinte facto:
Numa viagem deste tipo as subidas alegram os nossos dias, quebram a monotonia, trazem novos desafios, acordam-nos e dão-nos força para continuar!

De La Guardia a Baiona são 32 km em ciclovia e sempre a mudar de terreno:

O burro estava DOIDO com a Nana :))



Ciclovia pintadinha de fresco só para mim!


 E assim chegámos a Bayona! instlámo-nos e fomos almoçar um "pulpo à Gallega" de morreeeeeeeeerrr!!




Antes de fechar este dia preciso de desabafar e perguntar-vos... até pode ser do cansaço mas...
As crianças espanholas têm problemas de audição???? é que são HISTÉRICAS!!!


quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Dia 8 - vou dormir a um navio, how cool is that?

Dia 8 (21 de Agosto) deixámos o Porto e seguimos para Viana do Castelo!
OBRIGADA Filipa pela estadia nesse cantinho maravilhoso da foz - it felt like being home for 2 days!

É raro dormir até tarde e mesmo depois de grandes noitadas as minhas pestanas têm tendência a abrir cedo. E assim foi, depois de programar o despertador e esquecer de o por "on", acordei às 7.30 fresquinha e cheia de vontade para mais um dia a pedal.

  
O piso até começou por ser alcatrão mas depressa mudou para um empedrado que fazia tremer o miolo... o que logo de manhã não era o que mais apetecia! A meio caminho de Vila do Conde cruzei-me com a Graciela e o Juan, dois espanhóis que iam para Lisboa e vinham de não sei onde (no me acuerdo). No principio não foram muito simpáticos mas depois lá abriram os cordões à bolsa. Tirámos fotografias, trocámos email e aconselharam-me a fazer a costa até Bayona porque is encontrar uma ciclovia de 30 km sempre junto ao mar (confirma-se!... de La Guardia a Bayona há uma MEGA ciclovia que nos entala entre o mar e a serra).

Estão a ver o piso??



Coitada da Nana ainda se desconjuntava...
Um bocadinho mais à frente cruzei-me com um jovem em sentido contrário e perguntei-lhe para onde ía... vou para Santiago disse ele. Claro está que tive de me rir... mas quem se riu também foi ele! Parámos, foto, email, e desta vez seguimos caminho juntos. O Derek é canadiano e professor de filosofia em Toronto. De mapas, orientação e bicicletas não percebia NADA! Mas o objetivo do Derek era outro, esta era uma viagem de devoção e descoberta de Deus. Passados poucos km percebi que era uma pessoa muito aberta, divertida e relaxada. ia fazer a viagem com umas folhas impressas onde estavam os pontos de interesse do percurso, mas nada de mapas e adorava a ideia de estar shitting
O Derek estava radiante dizia que tinha uma guia e que preferia ir comigo pela costa (e sabendo onde ia) do que seguir sozinho.


O maluco de camisa é o Sam, um inglês que vive em Bordeaux e que tinha dormido na praia. um batido do ciclo turismo, já tinha atravessado os estados unidos...Também seguiu caminho e ofereceu poiso em Bordeaux.
Os dois holandeses vinham desde Amsterdão (perto) e iam até Fátima. A viagem deles tinha por objectivo angariar fundos para uma escola no Gana...
Os kms com o Derek passaram num instante, fomos sempre a conversar e como professor de filosofia podem crer que a conversa foi muito gira!!  A 20 km de Viana ele seguiu para dentro (tinha hotel em Barcelos se não até acho que seguíamos juntos) e eu continuei.


Para em Esposende e visitei uma igreja onde estavam os adros todos das procissões dos arredores, o que, para quem me conhece sabe que é um mimo! Santos, flores e muitas cores! Lindo!


Cheguei depois ao destino, depois de andar por ruelas de pedra, estradas de terra e muito alcatrão!


A pousada navio Gil Eanes é, como o nome indica, um navio. O meu quarto era confortável com casa de banho, mas o duche comum deixava a desejar. nome do quarto "2 doentes contagiosos"... sugestivo não? Mas a experiência valeu a pena! A Nana dormiu no convés.



Fomos dar uma volta por Viana e comemos uma ótima sopa e uma sandoca de paio e queijo!
Xonar!