Esqueci-me de contar um episódio cómico (agora) mas que na
altura foi um pouco assustador. Confesso que foi a unica altura na viagem (até
agora) que me fez algum medo...
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DEpois de um dia de chuva a roupa no quarto a "secar". Com o cheiro tive de lavar tudo no dia seguinte. |
Bom, o quarto em Pontevedra, o quarto dos 16 €..., era de
meter medo ao susto e de afastar qualquer ser vivo. O cheiro era insuportável e
estava-me a dar a volta ao estômago e consequentemente a tirar o sono. Mais, estava
doida de sede porque ao jantar comi jamón Serrano. A sede é terrível não é? Mil
vezes a fome!
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Fez sede mas valeu a pena!! |
4 am sem pregar olho... sede, cheiro a tabaco indescritível
e barulhos assustadores no prédio. Decisão: vamos procurar um bar para ir
comprar água! E assim foi, lá fui de “pijama” comprar água e acho que fui parar
a um bar gay... enfim... só sei que me ri sozinha no caminho para casa, de
calçonete e “téni”, numa maré de vestidos, saltos altos, lantejolas e perfumes.
A água acalmou-me e dormi melhor até às 7 am.
Hoje o dia era curto, 56 km ou coisa parecida. Bom mas de
plano tinha zero! Fizemos só estrada e foi engraçado como a paisagem foi
mudando rápido para um cenário montanhoso e muito verde!
No caminho conheci o Andreas que vinha sozinho desde a
Suécia (!!!!) e estava a caminho de Marrocos (!!)... Trazia a casa às costas e
ia apontando para cada saco “The Kitchen, The sleeping room, the dressing
room...”. O Andres devia ter prai 20 anos... caramba!
No caminho pela estrada não se conhece muitas pessoas porque
só os que viajam de bicicleta o fazem; as pessoas que fazem o “camino” de
bicicleta andam normlamente de btt e fazem as estradas de terra mais
secundárias. Mesmo assim, é incrível
como um “buen camino” gritado de um carro que passa em sentido contrário.
Passámos por Padrón, onde as vendedoras de beira de estrada
não vende fruta... mas sim, Pimentos Padrón!
Nesta fase do Caminho, à medida que entramos para o
interior, a paisagem mudou rápidamente. Ficou muito mais verde e montanhoso.
Não sei se já me estou a repetir, mas as subidas já são momentos positivos da
nossa viagem... quando se pedala muito tempo as rectas tornam-se um bocadinho
desinteressantes!
E num instante chegámos a Santiago. Com uma entrada na
cidade que não prometia nada, caiu-nos os queixos mal entrámos na parte velha,
o centro. Parei a bicicleta em frente ao
Convento de São Francisco e fiquei algum tempo a olhar à minha volta... Parecia
que tinha entrado num livro de história. Santiago sem sombra de dúvida a cidade
mais bonita onde já estive!
Fomos depois ao Albergue Girasol (recomendo, centralissimo a
100 m da catedral, simpáticos e muito limpo).
Tudo arrumado, lavado e duche tomado... passámos a tarde a
babar-nos pelas ruas da cidade!